segunda-feira, 13 de junho de 2011

Várias obras menores com risco reduzido

Por Francisco Góes (Revista Valor 1000)


É visível como a Delta Construções multiplica as áreas de atuação e É agrante como isso se dá com elevada liquidez corrente ( 6,84 pontos. contra uma média de 2.29 do setor) e um baixíssimo nível de endividamento oneroso (de 3,6% em relação ao seu patrimônio líquido). Pela primeira vez campeã setorial de Valor 1000, a Delta destaca-se, ainda, pela liderança em crescimento sustentável. embora tivesse pontuação também em receita líquida e liquidez corrente.
Não se pode dizer que os resultados econômicos da Delta, em 2008, foram espetaculares do ponto de vista da rentabilidade. O lucro liquido de RS 100,9 milhões, ficou mesmo 22,2% abaixo do obtido no ano anterior. Mas a empresa expandiu bem os seus negócios, com receita de mais de
R$ 1,2 bilhão, 18,1% superior ã de 2007. Desse faturamento, 4S% dizem respeito a obras de infraestrutura. 30% a obras especificamente rodoviárias (que, aliás, estão na origem da companhia), 15% a projetos especiais e edificações, 5% à incorporação e os 5% restantes a “outras obras”.
Fernando Cavendish Soares, 46 anos, filho do fundador, acionista controlador e presidente do conselho de administração, conta que, em 2008, parte importante da receita (80% dela no setor público) deveu-se a um volume signicativo de obras de engenharia de pequeno e médio portes, de baixo valor médio, que põe em movimento grande parte de seu efetivo de mão de obra, com a vantagem adicional de diluir riscos. No ano passado. a Delta tinha em carteira 362 projetos, com valor médio unitário de R$3,6 milhões e empregava diretamente, em 22 Estados, 16 mil pessoas.
Soares assumiu o comando da empresa em 1995, aos 31 anos, depois de se formar engenheiro e passar um período, no início da década de 90, no Recife, conhecendo o negócio fundado em 1961 pelo pai, Inaldo Soares. Naquele período, a Delta ainda era uma empresa regional com foco em obras rodoviárias nos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Transferiu a sede para o Rio de janeiro, expandindo para lá novos negócios de porte maior, sem largar, é claro, o mercado já conquistado no Nordeste. “A empresa soube ganhar dinheiro em obras de todos os portes”, conta o executivo. Ali passou a diversicar as atividades, incluindo, além das estradas. saneamento, infraestrutura urbana (como drenagem, pavimentação e águas pluviais), habitação, construções de hospitais e edifícios para a justiça). Foi também no Rio que a Delta desenvolveu projetos especiais, como o Estádio Olímpico João Havelange, a Cidade do Samba e a Cidade das Crianças. A diversificação levou a Delta a entrar em novas áreas de negócios, o que motivou uma grande reestruturação. Formou-se uma holding, a Delta Participações, para agrupar todas as novas e antigas atividades. Sob as asas da holding, criaram-se empresas para gerenciar negócios nas áreas de energia,  incorporação e petróleo e gás. “Na área de óleo e gás compramos uma empresa, a Sigma, e buscamos novos negócios junto à Petrobras.”
Também foi constituída a empresa Delta Energia para administrar atividades na área de energia elétrica, segmento que a companhia entrou a partir do êxito em um leilão para construção e operação de três linhas de transmissão.”Na área ambiental, já fazemos trabalho de coleta de lixo, varrição e aterro sanitário e achamos importante criar uma nova empresa, A Delta Ambiental, responsável pela gestão dos contratos”, acrescenta Soares.
A nova estrutura representa uma mudança em relação ao perfil da empresa no início deste século. “De meados dos anos 90 até 2000, nós nos concentramos em ganhar musculatura”, explica o presidente. “De 2000 para cá, a Delta destacou-se entre as empresas da área de engenharia e construção no Estado do Rio, além de expandir a presença para o Nordeste.” Também entrou no segmento de incorporação tanto no Rio quanto no Espírito Santo, onde começou com prédios para classe média baixa e depois apostou em projetos para público de renda mais alta. O fato é que em oito anos. a companhia multiplicou por dez o seu faturamento, que era de RS 120 milhões no início do século.
Para 2009, Soares prevê que a receita da empresa possa se expandir entre 15% e 20% em relação a 2008. '’A economia já dá sinais de recuperação e acreditamos que 2009 e 2010 não serão tão ruins como se previa no fim do ano passado", estima o executivo. A perspectiva apoia-se no fato de que parte significativa da carteira da Delta tem projetos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que ganharam importância na crise atual, dada a prioridade concedida pelo Estado aos investimentos que possam ajudar na recuperação mais rápida da economia. Um dos projetos do PAC nos quais a Delta participa, em consórcio com outras empresas, é a instalação de um teleférico no Complexo do Alemão, conjunto de favelas da zona norte do Rio, como forma de melhorar a infraestrutura urbana na região.
A estratégia da empresa é toda concentrada no Brasil. Por enquanto, a Delta não planeja se internacionalizar, como fizeram outras empresas de engenharia e construção. E também deve continuar com o capital fechado, nas mãos da família.

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